Copa do mundo pela ótica da preservação ambiental: vamos conversar sobre a quantidade de lixo que esse evento mundial gera?

Motivo de comemoração de muitos, a chegada da Copa do Mundo movimenta diversos setores. Mas será que a gente lembra do lixo que é gerado e questiona as partes envolvidas? 

Exigências mínimas para um país poder sediar a copa do mundo: possuir 12 estádios de futebol, com capacidade mínima para 40 mil torcedores; o estádio que será palco da final da copa deve possuir espaço para até 80 mil pessoas; é necessário ter capacidade estrutural para transmitir os jogos para todas as TVs do mundo e rede de telefone e internet; precisa garantir a segurança, o transporte e a acomodação em quantidade suficiente para todo o público.

Não parece tão simples assim, certo? Tudo isso segue uma série de normas e regularizações criadas pela FIFA (Federação Internacional de Futebol Associado, do francês: Fédération Internationale de Football Association). Antes de escolher e determinar as novas sedes, visitas são feitas e preenchidas com vistorias. Além disso, uma avaliação de risco é levada em conta nos quesitos sustentabilidade, impacto em direitos humanos e estrutura financeira. Mas este é um tópico bastante polêmico, pois sabemos que esses quesitos muitas vezes não são considerados em sua totalidade.

Esse ano, por exemplo, o país escolhido para sediar a Copa do Mundo de Futebol Masculino foi o Catar, que já está se preparando há 12 anos e promete um boom no turismo, abarcando ainda regiões próximas como Dubai, Arabia Saudita e Omã.

Voltando um pouco no tempo, lembramos muito bem que o Brasil sediou a Copa em 2014…  Para muitas pessoas foi uma felicidade tremenda, afinal de contas, somos conhecidos como o país do futebol. Porém, além de a seleção não ficar com o troféu, foi gerado uma grande quantidade de lixo por conta do despreparo público e de uma falta de conscientização generalizada, isso agravou muito a situação. A Fifa e o Governo Brasileiro até fizeram uma parceria com cooperativas de catadores nas cidades sede, mas poderiam ter pensado além.

De acordo com o site ihu.unisinos, o Ministério do Meio Ambiente informou que foram investidos cerca de R$2 milhões na contratação de 1,5 mil catadores para atuarem nas 12 cidades-sede no recolhimento de materiais nos estádios e nas Fan Fests. Antes da realização das partidas das semifinais e da final já haviam sido coletadas cerca de 182 mil toneladas de resíduos recicláveis

De acordo com a Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, a média da produção de lixo nas 12 cidades sede era de 43 mil toneladas diárias, e esse número foi acrescido em mais 14 mil e quinhentas toneladas por dia, por conta dos jogos da Copa.

Os maiores números estão em Cuiabá (MT) e Natal (RN). Em dias normais Cuiabá produz em torno de 500 toneladas de resíduos. Mas durante os dias de Copa do Mundo, esse montante acumulou em mais de 1.150 toneladas. Já em Natal são geradas aproximadamente 770 toneladas de resíduos por dia. Durante a copa houve um acréscimo de mais 915 toneladas diárias.

Lembrando que nesse artigo não estamos considerando, propositalmente, toda a quantidade de resíduo gerado pela construção dos estádios, uma vez que focamos no evento em si. Se fossemos levar em conta o impacto ambiental como um todo, ou seja, desde a preparação até o final do evento, incluindo o deslocamento de pessoas, é certo que os números seriam impressionantes.

Essa realidade pode, no entanto, ser diferente. Um bom exemplo de como é possível pensar fora da caixa e fazer diferente, foi o caso dos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012. Eles conseguiram atingir a marca de Lixo Zero, reciclando 100% do lixo seco, gerado durante os jogos. Isso demonstra que, quando se tem um planejamento focado, uma conscientização maior e duradoura, é possível pensar em utilizar esses grandes eventos para trazer uma cultura de sustentabilidade para as cidades-sede.

É o que desejamos para o Catar e para todos os outros países que virão, a construção de um bom planejamento, com foco, trazendo uma conscientização maior e duradoura e apoiando o desenvolvimento e expansão de uma cultura de sustentabilidade.

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