Você já parou para pensar na quantidade de plástico que usa durante um dia, nos mais diversos objetos e materiais que fazem parte da sua rotina? Provavelmente essa informação não foi tão relevante nos seus pensamentos e não causou grandes preocupações… Primeiro porque estamos acostumados com o uso corriqueiro, beirando à banalidade, e segundo porque esquecemos ou não temos informação o suficiente sobre o quanto podemos ser prejudiciais ao nosso planeta com o uso expressivo e desenfreado desse tipo de material. 

De acordo com o relatório “Global Plastic Outlook – Economic Drivers, Environmental Impacts and Policy Options”, lançado pela Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE) o mundo está produzindo duas vezes mais resíduos plásticos do que há 20 anos atrás. Em 2019 foram produzidas 460 milhões de toneladas, isso equivale ao peso de 45.500 torres Eiffel… Dá para imaginar para onde caminhamos se continuarmos nesse passo? 

Mais interessante – e preocupante – é o dado a seguir: apenas 9% desse total de resíduo plástico foi reciclado de maneira adequada… E por quê? 

Garrafas de bioplástico

Infelizmente esse é o resultado de uma somatória de fatores: não há interesse econômico a curto prazo para a reciclagem de plástico, a coleta dos materiais não é feita de maneira adequada, muitos países não têm infraestrutura para lidar com esse problema e por último, mas talvez o mais significativo: quem produz e vende o plástico só quer lucrar mais… 

Entretanto, são as micro-revoluções que podem gerar impacto na sociedade de forma efetiva e rápida, sem tanta burocracia. E o que é uma micro-revolução? Mudar as suas atitudes em consonância com os espaços que você habita. 

Comece se informando: bioplástico existe e é acessível. Eles são produzidos com resinas biodegradáveis, podem ser feitos com milho, mandioca, beterraba, celulose ou de forma sintética, substituindo os materiais de fontes não renováveis como o petróleo. Para se enquadrar como bio, a degradação deve acontecer em até 180 dias, incluindo a coleta e o encaminhamento para a usina de compostagem. 

O bagaço de cana-de-açucar como fonte de matéria-prima, já é uma realidade para utilização no Brasil como fertilizante, alimentação para gado e para gerar biocombustível – mas o mais interessante, é que, recentemente, diversas pesquisas começaram a propor um destino para a grande quantidade desse resíduo: o bioplástico. Uma alternativa atrativa do ponto de vista do reaproveitamento e de uma melhor decomposição, com menos resíduos. 

Uma outra alternativa que tem se popularizado é o bioplástico de cânhamo, uma variedade da cannabis sativa – sim, sim, a mesma planta da popular maconha. Essa espécie tem um crescimento rápido e de baixo custo, e pode ser aproveitada por inteira – caule, folhas e sementes – tornando-se bioplástico e podendo ser usado em vestuário, biocombustível, pet, indústria de alimentos, farmacêutica, construção civil, entre outros. 

O Brasil tem um potencial enorme de se tornar exportador dessa matéria prima por conta das condições climáticas ideais. Não tão propício assim quando falamos em leis, já que a legislação proíbe o cultivo da cannabis por aqui. Há um Projeto de Lei, PL 399/2015, que já foi aprovado na Câmara dos Deputados, mas ainda segue parado aguardando ser votado pelo Senado e sancionado pelo Presidente. Caso essa lei seja aprovada, o plantio de cânhamo será permitido no Brasil e quem sabe essa substituição possa se tornar uma alternativa possível de ser escolhida em um futuro não tão distante assim.