Mobilidade urbana é pauta necessária para pensar em melhora da qualidade de vida de habitantes de grandes cidades e em ações de preservação ambiental
Você sabia que discutir sobre a importância de se pensar em mobilidade urbana vai muito além do conceito básico de tempo e forma de deslocamento dentro das cidades?
“Compreender a dinâmica que caracteriza a mobilidade urbana, sobretudo nas grandes cidades, é importante para a boa condução do planejamento urbano, além de facilitar a detecção de transformações” – diz o Estudo Mobilize 2022, que estuda a questão da mobilidade no Brasil, levantando indicadores sobre como está a oferta de transportes públicos, infraestrutura cicloviária e recursos para conforto e segurança de pedestres nas 27 capitais do nosso País, em relação ao que consta na política nacional de mobilidade.
Quando falamos em números, de acordo com o site mobilidade.estadao.com.br, o tempo perdido em deslocamentos nas 37 áreas metropolitanas que temos no Brasil, impediu a economia brasileira de ganhar R$111 bilhões, estudo feito pela Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), feito com base nos dados da PNAD/IBGE, 2019.
Isso tudo porque uma pessoa perde cerca de 32 dias por ano no trânsito: 26% da população paulistana gasta mais de 2 horas em deslocamentos diários, 34% das viagens em Curitiba envolvem pelo menos três baldeações, Recife tem o tempo médio de espera de transporte público mais alto do mundo e a mobilidade urbana no Brasil custa R$ 483,3 bilhões anuais de acordo com a Associação Nacional de Transportes Públicos, considerando gastos individuais de usuários de transporte, empregadores e investimento em recursos para manter o funcionamento.
Tudo isso para dizer que: o cenário precisa mudar. Os números também são impressionantes quando trazemos à tona a questão ambiental envolvida em tudo isso.
Um levantamento feito pela União Europeia mostrou que os níveis de CO2, principal gás causador do efeito estufa, aumentaram em 33,5% entre 1990 e 2019.
Outro levantamento, feito sobre a cidade de São Paulo mostrou que de fato os carros são o maior problema por aqui também: emitem quatro vezes mais material particulado – um poluente altamente prejudicial à nossa saúde – do que os ônibus, por exemplo, sendo responsáveis por 71% do total de emissões.
Quer descobrir o quanto seu carro gera de CO2? Você pode acessar uma calculadora específica para isso: Calculadora pode te ajudar | Mobilidade Sustentável | Valor Econômico
Perante tudo isso, é preciso repensar. E alguns projetos já estão em ação por aqui e pelo mundo.
O projeto BRT em Curitiba, por exemplo, criado na década de 70, forma um sistema chamado Bus Rapid Transit, ou, traduzindo, Transporte Rápido por Ônibus. Ele consiste em oferecer aos passageiros uma mobilidade urbana rápida, confortável, segura e eficiente. Os ônibus trafegam por uma via única, chamados corredores, ou canaletas. Começou em Curitiba, mas hoje há mais de 100 projetos como esse no Brasil.
Em Fortaleza, existe o Projeto VAMO (veículos alternativos para mobilidade), que promove uma mobilidade sustentável feita a partir de carros elétricos. São mais de 20 carros elétricos distribuídos em estações. É um projeto sustentado por patrocinadores e por valores pagos pelos usuários. Além disso, a cidade tem outros projetos que incentivam o uso de bicicletas e apoiam a circulação de pedestres.
Em Los Angeles, nos Estados Unidos, desde o fim dos anos 60, faixas especiais existem para carros híbridos e elétricos, para carros que permitem apenas 2 passageiros e carros comuns, desde que todos os lugares estejam preenchidos. E também há um programa oficial de caronas do próprio governo.
A integração de modais, que consiste em integrar alguns tipos de transporte, já é sucesso em Brisbane, na Austrália, em que o projeto “Park and Ride” integra estacionamento gratuito com transporte público. A ação deu certo e cidades como São Paulo também colocaram isso para rodar.
Quando falamos do melhor dos mundos em termos de deslocamento com bicicleta, não podemos deixar de citar Amsterdã, na Holanda. São 400 km de ciclovias na cidade! Em todo o país, a bike representa 30% do tráfego!
A ciclovia também é um projeto em várias cidades do Brasil e tivemos boa adesão por aqui. Em São Paulo, por exemplo, já temos 663 km de ciclovias. Entretanto, apenas 21% da população está perto dessas áreas e os que usam se deparam com trechos mal-cuidados: lixo, entulho, falta de sinalização, pintura gasta, buracos.
No ranking de bons exemplos de mobilidade urbana com certeza está Hong Kong – com eficiência, conveniência, preço e sustentabilidade em primeiro lugar segundo uma pesquisa do Instituto McKinsey. São 218 km de extensão do Mass Transit Railway, o metrô aberto em 1979 que conta com 159 estações e conexões. Barato, rápido e econômico, 90% da população se desloca dessa forma, todos os dias.
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Fontes:
https://gestaourbana.prefeitura.sp.gov.br/um-plano-para-melhorar-a-mobilidade-urbana-2/
https://www.metagal.com.br/blog/mobilidade-urbana/
https://www.zuldigital.com.br/blog/iniciativas-brasil-mundo-mobilidade-urbana/